sábado, janeiro 28, 2006

EU ? OU EU ?...

EU ? OU EU ?...

Tinha-se posto o sol. a tarde estava a terminar, iniciava-se a noite. Noite clara, temperatura amena, no céu deixavam-se ver algumas estrelas.
Ali na praia, avistava-se o horizonte, o mar calmo, silencioso. O mar que acarinhava a areia e beijava docemente as rochas...
Eu estava ali. Sozinho, a pensar na vida. Aquele ambiente deixava-me com o eu que trazia dentro de mim. Angustiado, cheio de ansiedade, nostálgico comecei a conversar. Voz branda, como se alguém estivesse por perto a querer ouvir. Mas ele não dialogava, só reclamava...reclamava...e eu não o podia contentar.
Eu era medíocre, satisfazia-me com pouco. O outro eu dentro de mim era exigente, queria sempre mais…eu buscava um sentido para a vida, uma vida simples, sem grandes exigências. O outro eu, queria algo mais, sem olhar ás dificuldades. A mim parecia-me um inocente...
Eu olhava o mar que batia nas rochas suavemente, quando podia bater com mais força, se o mar fosse mais agressivo podia transformar as rochas em areia fina e teria mais por onde se estender…Tentava assim justificar a mediocridade...
De repente fez-se alta noite. a temperatura baixou, o frio chegava com uma brisa ao deleve.
No céu as poucas estrelas que havia deixavam-se tapar por algumas nuvens que apareciam. O mar começava a discutir com as rochas, e na areia ia batendo violentamente. Desta discussão surgem ondas maiores, começava-se a ouvir em alto som, as ondas a bater nas rochas, e estas quase sentiam chorar.
a minha tese fracassou. O outro eu dentro de mim, exigente, que queria sempre mais, tinha razão. Eu não me podia satisfazer com pouco.
Fui para casa a "pensar na discussão do mar com a areia e as rochas...
No outro dia lá estava eu no mesmo local. No início tudo calmo, depois vem a noite, a alta noite, com o vento tudo se transforma, mas no dia a seguir tudo voltava a acalmar e assim sucessivamente. Pareciam-me umas brigazitas de uns namoraditos em que a discussão acabava numa troca de carinhos. Comecei a ver aquilo como o amor. Comecei a amar o outro eu dentro de mim e desse amor descobri um sentido...o amor. Descobri que o único sentido da vida é o amor. Descobri que o amor só se encontra com o amor. E isto era exigente. O amor clama por mais amor.
Afinal o outro eu dentro de mim tinha razão.
S.P

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