sábado, outubro 28, 2006

Aborto

Fechado na mentira do teu corpo,
Mãe:
Submerso em lodaçal…
Traição de vidas a dormir em paz,
Amores cegos de destinos sem verdade.
Sois vós.

Um fel negro, apunhalante, se rasga
Desfeito em riscos cruéis
A gargalhar liberdades…
Sois vós.

Vidas rasgadas na floração,
Beijadas de escarros e podridão…
Somos nós.

E o sangue a bramir
Nas veias acesas, em convulsões de desejos,
Gestos de loucura, sangrentos,
Sois vós.

E há corpos a marulhar
Como lavas de vulcão
Que a terra negra vomita…
Somos nós.

Ondas de mares revoltos
A esfarraparem-se, doidas,
Nas areias escaldantes
Das vossas praias de sombra e de noite…
Somos nós.

Morrerá a nossa vida;
Nascerá a vossa angústia.
Partirão lemes e asas em nós.
Ficarão correntes de aço em fúria
E turbilhões de remorsos em vós.

( anónimo)

terça-feira, outubro 17, 2006

Os olhos...

Olhos negros são paixão…
Os castanhos são pecados,
Os azuis não sei que são!
E os verdes são traição,
De sentimentos atraiçoados.
Os cabelos são beleza
Nem sequer importa a cor,
Mas os lábios de certeza
Tem diferente sabor.
O importante é sentir,
O que sente o coração
Os olhos, os cabelos, e os lábios a sorrir,
Fingem ser o que não são.
Tudo o que é secundário
Não é fundamental...
NO amor o que é primário
Ê não saber definir,
Nem sequer explicar,
Que se sente sem fingir,
E se ama sem medir,
Sem saber se é amar.

quarta-feira, setembro 20, 2006

QUANDO EU TE FALEI DE AMOR

Quando os meus olhos te tocaram
Eu senti que encontrara
A outra metade de mim
Tive medo de acordar, como se vivesse um sonho
Que não pensei em realizar

E a força do desejo
Faz-me chegar perto de ti

QUANDO EU TE FALEI EM AMOR
TU SORRISTE PARA MIM
E O MUNDO FICOU BEM MELHOR
QUANDO EU TE FALEI EM AMOR
NÓS SENTIMOS OS DOIS
QUE O AMANHÃ VEM DEPOIS
E NÃO NO FIM

Estas linhas que hoje te escrevo
São do livro da memória
Do que eu sinto por ti
E tudoo que me dás é parte da história
Que eu ainda não vivi

( Luís Oliveira)

Lindooooooooooooooo....poema...

terça-feira, maio 30, 2006

Habituei-me

Habituei-me a viver assim…
Fiz da vida uma escadaria…
Ás vezes subo…outras dou por mim,
Parado…ou numa correria.
Não quis…não quero…nem queria.
Desperdiçar um minuto…um segundo…
Mas os ponteiros correm cada dia…
E eu não sou único no mundo.
Habituei-me a viver assim…
A subir…e a descer…
Parar?...só no fim…
E quando Deus quiser.

terça-feira, maio 16, 2006

Desistir...

Sinto um desejo enorme...
Uma vontade maior...
De seguir as sensações
De viver as emoções
De saborear e de sentir...
Sem olhar...
Sem pensar...
Somente provar...o mel,
E poder distinguir...o fel,
Mas desejo sentir;
E luto para o conseguir...
E sem querer,acabo, por desistir.

sábado, maio 06, 2006

CANTO PARA A VIDA

Sozinho canto ao luar
Na esperança de ver renascer
A alegria que tinha em viver
Junto de Ti, ó meu Deus!
Tal qual pardal assustado
Meu coração se agita chorando
Por não ter Jesus Cristo a seu lado
Para se encher

SÓ LUTANDO CONTRA A ESCRAVIDÃO DO SER
VIVENDO POR UM IDEAL
PODES VER DEUS
E APRENDENDO A PALAVRA QUE
NOS DEU SEU FILHO
UM HOMEM DE PÉ
PODEMOS VIVER:
A PARTILHA, O AMOR, A ESPERANÇA, A FÉ!

Vejo a cidade no vale
Onde buscamos a felicidade
Por caminhos que não são de verdade
Pois não têm ser
O vento sopra gelado
Na montanha do egoísmo instalado
Numa louca corrida em que a morte
Nos quer vencer

Mas eis que renasce a esperança
E a Primavera no meu ser floresce
Qual rebento teimoso no campo
A querer crescer
Olhando de novo a cidade
Vejo uma multidão a descer
A encosta da liberdade
E um jovem acenando com a mão
E a dizer:

(Carlos)

sexta-feira, março 17, 2006

Estava marcada

Corremos na vida,
Corremos para nada…
Já está decidida…
Tem hora marcada.

Mas esta certeza
Não vale de nada,
Corremos prá mesa
Corremos prá estrada.

Mas chega a hora…
E chega o momento…
Não é amanha, é agora…
Que eu paro no tempo.

Paro e penso….
E fico a pensar…
No instante intenso
Que me fez parar.

Naquele companheiro
Que corria veloz…
Partiu em primeiro,
E atrás vamos nós.

Corria na vida…
Corria para nada…
Já estava decidida…
Tinha a hora marcada.

domingo, março 12, 2006

QUERO?

Sinto um desejo enorme,
Uma vontade maior…
De seguir as sensações
De viver as emoções,
De saborear e de sentir.
Sem olhar…
Sem pensar…
Somente provar…o mel,
E poder distinguir…o fel,
Mas desejo sentir….
E luto para o conseguir…
Sem querer…acabo por desistir.

sexta-feira, março 10, 2006

ACREDITO….

Gosto de me sentir útil…
Quebra a monotonia.
Sentir que alguém me espera,
Saber que alguém pensa em mim,
Seja noite ou seja dia.
Saber que sou pequeno…inocente…
Saber que tudo devo a Alguém…
Sentir como sente toda a gente…
Mas não querer acreditar somente,
Naquilo que nos convém.
Ser livre e poder voar para longe,
Sem saber que destino levarei,
Sem pensar como sempre eu pensei…
Sem querer perder-me aqui e além.
E em Ti encontrar de novo a fonte,
Que em guia neste longo horizonte.
Sem ter medo de dizer a toda a gente…
Tu és o semeador, nós a semente.
Quero em Ti perder-me por amor e sem receio….
Quero dizer a todos em Quem creio.

terça-feira, março 07, 2006

CHORAM....

Choram as cordas do violino
Choram baixinho,um pouco trémulas...
Choram um canto,choram um hino ?
E eu sem saber fico a ouvi-las.
A pouco e pouco se vai ouvindo.
Aos pedaços se entende triste canção,
As cordas vibram, e o som subindo...
Deixam sentir tamanha emoção.
Mas, choram as cordas do violino...
Um canto tétrico de qualquer parte,
Nasceram p’ra chorar, triste destino
Um hino melancólico com tanta arte.
É eu ao ouvi-las começo a sentir...
A emoção das cordas vibradas,
E, fala aquele hino das cordas a sair,
De um destino a que estão destinadas.
Choram as cordas do violino
E eu choro com elas de emoção...
Choram baixinho, choram um hino,
Um canto melódico e uma canção.
S.P

domingo, março 05, 2006

EGOISMO

Queria encontrar-me…
Num mundo cheio de gente.
Queria ter um canto…
Um canto só para mim,
E para o meu egoísmo.
Procurei…e ninguém,
Me cedeu um pedaço do seu canto.
Continuei à procura…
E por fim encontrei um…
Um canto vazio só para mim.
Nele me afundei…
E não deixei que ele…
Fosse de mais alguém.
Queria encontrar-me…
Mas perdi-me no meu EU…

quinta-feira, março 02, 2006

Foi na cruz II

Foi lá que morreu Jesus,
E muitos puderam ver…
Carregar nos ombros a cruz…
P’ra nela depois morrer.
E um tal de Cireneu
Pode tomar-lhe o peso…
Mas foi Jesus quem morreu,
Apesar de estar ileso.
Foi na cruz que morreu…
E nela, Ele nos salvou
E o Pai estando no céu
Com amor… O ressuscitou.
Era a semente da vida…
Semente que frutificou,
Eis na cruz a morte vencida,
Na cruz, a vida… germinou.

FOI NA CRUZ I

Foi na cruz que um dia,
Alguém morreu por nós.
Não tinha culpa... mas morria
P'ra morrer com Ele a voz.
Foi exemplo de amor,
Foi amor exemplar...
Suportou no corpo a dor,
Foi morto... por amar.
Morreu e era inocente,
E nós sempre O culpámos,
Por amar toda a gente?
E nós nunca O amámos!?...
O amor é verdadeiro,
Enraizado numa cruz...
Numa cruz ou num madeiro...
Foi lá que morreu Jesus.


S.P.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Foi...

Foi esse teu olhar...
Meigo, terno, cativante,
Que eu fixei e sem querer
Calculei um breve instante
Nesse olhar que tu me deste.
Foi esse teu sorriso...
Que me deu luz certamente
Que eu respondi sem ser preciso,
E achei-me tão perto de ti
Que te sorri novamente.
Com o teu sorriso e olhar
Eu senti-me especial...
E respondi de modo igual.
Sem saber, sem fingimento
E sem querer acreditar
Que de um sorriso e um olhar
Brotasse algum sentimento,
E pudesse alguém amar,
A quem olha e quem sorri.
E eu...sem querer acreditar,
Comecei a amar-te a ti.
S.P.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

BEIJO...

Um beijo é loucura de amor
Que se sente por dentro.
Desejo ser louco por ti...
Esquecendo essa dor,
Que me traz o amor em cada momento.
E em teus lábios sentir,
Que não estou sózinho, apesar do tempo...
Apesar do tempo fugir,
Eu corro atrás dele, ao sabor do vento.
Sentir o que sinto é magia
Que traz junto a dor...
Mas sinto também a alegria,
De um beijo trocado...
Que fala de amor.
E um beijo com vontade dado
Sobrepõe-se à mágoa que sentirei.
Um beijo nem sequer é pecado...
E posso dizer...por te ter beijado...
Que na verdade gostei.


Acordei cedo...

Abri os olhos para mais um dia,
Não sei se havia nuvens ou sol,
Fiquei contente...só porque os abria...

Fiquei pensativamente deitado,
Como quem não sabe ou não sente,
Como uqem a dormir anda acordado,
À espera de ouvir na mente...
O nome esquecido...mas não chamado.

Acordei cedo....
Ouvi passar um carro...
Acendi a luz....
Fumei mais um cigarro...


Os olhos que então abrira...fechei
Elevei às alturas...o pensamento,
Acordei cedo...para quê?...não sei...
Virei-me...e adormeci nesse momento.

S.P.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Auto-retrato

Nem ódio,rancor ou indiferença,
Trago presente no coração...
As vozes não se apagam...
Na janela da minha infância,
Nem encontro dor de expressão.
As lágrimas vertidas...
Destes olhos com visão...
Pelas faces escorridas,
São dor do coração.
Injustas as raizes...
Que nesta face,
Hastes de angústia...
Formam novas cicatrizes.

s.p.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

TALVEZ

Talvez amanhã possa eu ser,
Aquele que hoje não consegui,
Talvez amanhã possa eu viver
O sentimento que hoje senti.
Unido ao teu num aperto,
Sentir o coração saltitar…
Talvez o que sinto, hoje por dentro,
Possa amanhã senti-lo ao amar…
Talvez nem amanhã seja…
Talvez seja só depois,
Mas quando se ama e se beija,
No amor somos só dois.
Talvez amanhã termine,
O que hoje começámos,
Mas basta que te imagine,
Pra sentir que nos amamos.
O amor deixa sinais,
E traz a dor da saudade,
Amar, amo-te sempre mais,
E amanhã…
Só te desejo a felicidade.
Talvez…sempre existirá,
Como existe em nós os dois,
A vontade de sentir…
Ontem, hoje, amanhã e depois.

Foi....

Foi um mero acaso...
Uma esperança iniqua;
Poder tocar tuas mãos...
Com um simples olhar.
Um sofrimento...
Uma dor...
Ah! O que a gente faz !?...
Não sei se é dor...
Se agonia...
Sinto um calor...
Que me alivia...
Que em rodeia e te envolve,
Algo que arde e não consome...
É um sofrimento?!...
É uma dor?!...
É...e tem um nome...
Chama-se amor.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

VOA BEM MAIS ALTO

"Não fiques na praia, com o barco amarrado,
E medo do mar!
Tudo aqui é miragem,
Mas na outra margem : alguém a esperar!

Como a onda que morre, sozinha na praia,
Não fiques brincando!
No ar confiante ensina o teu canto de ave voando!

Voa bem mais alto, livre sem alforge
Sem prata nem ouro,
Amando este mundo, esta vida que é campo,
E esconde um tesouro!

Ninguém te ensinou,mas no fundo tu sentes,
Asas p'ra voar!
Nem que o céu se tolde e as nuvens impeçam
Tu não vais parar!

Há gente vivendo,tranquila e contente,
Como eu já vivi!
És águia diferente, céu azul, cinzento,
Foi feito p'ra ti!

Voa bem mais alto......"

( não sei quem é o autor mas adorei)

terça-feira, janeiro 31, 2006

No teu olhar

No teu olhar...
Existe um brilho que me ilumina,
Um canto lindo que me fascina,
O teu olhar...
No teu olhar...
Espelho toda a minha ilusão,
Alimento esta tão grande paixão,
Com teu olhar...
No teu olhar...
Existe uma lágrima que me sorri,
Existe a doçura que há em ti...
Nesse teu olhar...
Existe a vida alegre com que eu sonhei,
Um sonho triste com lágrimas chorado,
Um presente de mil beijos que te dei,
Um futuro mais triste que o passado.
Existes tu...de olhos verdes...esperança...
Sorriso lindo como o de ninguém eu sei...
Corpo adulto...no pensar de uma criança...
Quem eu queria...mas quem já eu libertei.


sábado, janeiro 28, 2006

Soneto do amor total

"Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade?.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito a amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude."

In Livro de sonetos de Viniicus de moraes

"Entre uma enorme quantidade de flores, há sempre uma especial""

Nunca fui grande admirador de flores. Nunca admirei muito a natureza. Nunca soube admirar...
Mas naquele dia estava triste e segui o conselho de um amigo, fui ver o pôr-do-sol.
Percorri estradas que pareciam não ter fim, passei por montanhas e vales e fui, decidido, rumo ao pôr-do-sol. Não tinha tempo a perder. O sol começava a baixar e eu corria cada vez mais depressa. Queria ver o pôr-do-sol de pertinho. Se me perguntarem por onde passei, não sei dizer. Só sei que percorri montanhas e vales e muitas estradas...
O sol ia sempre descendo. Eu corria, corria... mas o sol parecia correr mais depressa que eu...
Cheguei a um alto monte, á minha frente um precipício parecia querer engolir tudo o que se aproximava. Mas este monte era o ideal. Eu não podia avançar mais e dali avistava quilómetros e quilómetros á minha frente, mas sempre na esperança de que o sol se escondesse ali pertinho de mim. O sol estava quase a pôr-se. Á minha volta havia um silêncio, que a brisa perturbava de vez em quando assobiando baixinho. Estava quase na hora da "cerimónia". Eu estava a gostar daquele ambiente. Mas quando chegou a sua hora o sol pôs-se... lá ao fundo daquele horizonte. A minha vista só distinguia uma luz forte que parecia enterrar-se entre o céu e a terra. Ali estava eu, triste a observar aquele espectáculo. É verdade que era maravilhoso observar o pôr-do-sol, mas eu que esperava vê-lo ali pertinho de mim, só podia avistá-lo ao longe. Mas mesmo assim fiquei ali, triste a olhar o pôr-do-sol.
Quando já estava tudo escuro, decidi regressar ao meu canto. Toda a gente tem um canto. Eu também tinha o meu. Aquele canto onde eu chorava e ria, aquele canto onde desabafava e falava sozinho. Era o meu amigo, aliás, era o meu único amigo que me escutava e permanecia calado. Não aconselhava, não refutava, apenas escutava. Agora regressava rumo ao meu canto. Tinha corrido tanto para ver o pôr-do-sol de pertinho e enganei-me.
Pelo caminho caí várias vezes... estava tudo tão escuro! Comecei a desejar que o sol voltasse muito rápido. Depois caí mais uma vez. Ali fiquei caído... e adormeci. Quando acordei, a escuridão tinha desaparecido. O brilho do sol fazia-se chegar a todo o lado. Eu segui na direcção do meu canto. Acho que fiquei contente por ver de novo o sol que iluminava tudo á minha volta. Então retomei o meu caminho, mas com muita calma... fui admirando a natureza. Descobri que a natureza é maravilhosa. Tantas flores tão belas e cada uma diferente da outra. Campos verdes, pássaros que entoavam melodias maravilhosas. Entre as muitas flores uma chamou-me à atenção. Era uma flor bem pequena, mas era admirável. Parecia uma que eu já tinha conhecido. Não sei se a consigo descrever, e por melhor que o faça não fica nada parecida. Mas ela era pequena, tinha dois botões verdes e umas folhas que pareciam aconchegar esses botões. As pétalas de um tom avermelhado tornavam-na ainda mais bela. Eu parecia um miúdo de alguns meses a olhar para a luz ofuscante de um sorriso.
Fiquei tanto tempo a olhá-la. Primeiro de um lado, depois de outro e de frente. Foi a primeira vez que soube admirar a beleza de alguma coisa.
Depois tive de regressar ao meu canto. Demorei algum tempo, mas quando estava a chegar, vi uma flor exactamente igual àquela que eu tinha visto, só que esta última era minha vizinha. Morava mesmo pertinho de mim. Então decidi perder com ela a maior parte do meu tempo, porque ela era o meu tesouro. Algumas pessoas chamavam-me louco, mas eu nem ligava.
Aprendi a viver e a olhar a vida de uma forma positiva. Eu tinha nascido outra vez. Eu tinha descoberto que muitas vezes as coisas belas estão tão perto de nós que nós nem as vemos. Aquela flor tornou-se no meu canto e abriu-me os olhos. Quando estava triste, observava o pôr-do-sol, do meu canto, na companhia da minha flor. Sim, era minha. Já tinham passado alguns dias e ninguém a tinha reclamado. Agora a minha vida estava dependente da minha flor. Eu era livre e ao mesmo tempo estava preso àquela flor. Nunca mais voltei a estar sozinho, e transformei-me num grande admirador de flores. Aprendi a admirar a natureza.
A essa flor quis dar-lhe um nome... e porque foi com ela que eu aprendi a ler a natureza, e porque ela tinha dois botões verdes e umas pétalas de tom avermelhado... chamei-lhe Lena.



S.P.


EU ? OU EU ?...

EU ? OU EU ?...

Tinha-se posto o sol. a tarde estava a terminar, iniciava-se a noite. Noite clara, temperatura amena, no céu deixavam-se ver algumas estrelas.
Ali na praia, avistava-se o horizonte, o mar calmo, silencioso. O mar que acarinhava a areia e beijava docemente as rochas...
Eu estava ali. Sozinho, a pensar na vida. Aquele ambiente deixava-me com o eu que trazia dentro de mim. Angustiado, cheio de ansiedade, nostálgico comecei a conversar. Voz branda, como se alguém estivesse por perto a querer ouvir. Mas ele não dialogava, só reclamava...reclamava...e eu não o podia contentar.
Eu era medíocre, satisfazia-me com pouco. O outro eu dentro de mim era exigente, queria sempre mais…eu buscava um sentido para a vida, uma vida simples, sem grandes exigências. O outro eu, queria algo mais, sem olhar ás dificuldades. A mim parecia-me um inocente...
Eu olhava o mar que batia nas rochas suavemente, quando podia bater com mais força, se o mar fosse mais agressivo podia transformar as rochas em areia fina e teria mais por onde se estender…Tentava assim justificar a mediocridade...
De repente fez-se alta noite. a temperatura baixou, o frio chegava com uma brisa ao deleve.
No céu as poucas estrelas que havia deixavam-se tapar por algumas nuvens que apareciam. O mar começava a discutir com as rochas, e na areia ia batendo violentamente. Desta discussão surgem ondas maiores, começava-se a ouvir em alto som, as ondas a bater nas rochas, e estas quase sentiam chorar.
a minha tese fracassou. O outro eu dentro de mim, exigente, que queria sempre mais, tinha razão. Eu não me podia satisfazer com pouco.
Fui para casa a "pensar na discussão do mar com a areia e as rochas...
No outro dia lá estava eu no mesmo local. No início tudo calmo, depois vem a noite, a alta noite, com o vento tudo se transforma, mas no dia a seguir tudo voltava a acalmar e assim sucessivamente. Pareciam-me umas brigazitas de uns namoraditos em que a discussão acabava numa troca de carinhos. Comecei a ver aquilo como o amor. Comecei a amar o outro eu dentro de mim e desse amor descobri um sentido...o amor. Descobri que o único sentido da vida é o amor. Descobri que o amor só se encontra com o amor. E isto era exigente. O amor clama por mais amor.
Afinal o outro eu dentro de mim tinha razão.
S.P

Hoje é Natal ???

Hoje brilha mais uma estrela no céu.
Hoje essa estrela é mais divina...
Cala-se o vento que à terra desceu,
Sopra a brisa de colina em colina.
Hoje algo mais aconteceu
Além do brilho dessa estrela,
Calou-se o vento,soprou a brisa
Porque uma criança nasceu...
Quem dera vê-la !!!
Porque nasceste?
Porque vieste?
Onde ninguém te acolheu...
Só os pastores, pobres campestres
Te deram aquilo que ninguém deu.
Hoje há festa em todas as casas
Há luz nas janelas,
na fogueira há brasas.
Mas tudo passa...
E se calhar este calor que se sente no ar
Não chega aqueles que pedem amor...
E uma vez mais ninguém te recebe
E este dia passa ao redor.
E eu pergunto :
Que se passa afinal ?
Brilha a estrela,
cala-se o vento...
É isto o Natal ???

OLHAR…

OLHAR…

Em cada olhar,
Está uma mensagem por escrever,
Está um temperamento diferente
E uma diferente maneira de ver.
Mas há olhares iguais,
E ao olhar a gente sente
A diferença entre os demais,
Nesse olhar que não nos mente.
"Foi assim que olhei para ti,
E ao sentir não pestanejei
Os olhos que não esqueci
E a mensagem que decifrei.
É um olhar que não fala,
Diz tudo de uma vez
E quem olha não cala
O olhar que se fez.
Mas olha os olhos meus,
Que são um livro aberto
O que leio eu nos teus
Lês nos meus estou certo.
S.P.

HÁ SEMPRE ALGO...



Há sempre algo que acontece,
Algo que não é sonhado.
Há sempre uma primeira vez
Há sempre um olhar...
Que nasce de outro trocado.
Há sempre um sentimento
Que surge por mero acaso,
Que nasce de algum momento...
E por vezes de algum atraso.
Há sempre uma vontade enorme
De querer e de fazer...
Há sempre algo que consome,
Esta vontade sem nome...
De querer...de fazer...e não saber.
Há sempre vontade de sentir
Sem saber o que se sente...
Há sempre vontade de fingir
Que o sentimento está ausente,
E se finge não sentir...
Que na verdade se sente.

S.P

Eu …




Eu sou único e não tenho um igual,
E estas cicatrizes são só carinhos,
As minhas lágrimas sabem a sal,
e meus lábios a doces rebuçadinhos.

Mas estes meus olhos acastanhados,
postos neste rosto cicatrizado,
parecem estar abertos e fechados,
e trazem na memória o passado.

Não me encontro e ando à minha procura,
E às vezes sem dormir tenho sonhado,
E oiço soluçar numa noite escura.

Mas eu que acredito nesta quimera,
Sou o personagem do soinho alado,
Descobri quem eu sou e quem não era.

Fica?!

Fica sempre um talvez..

À nossa espera.,.
Nessa melodia que se canta
Sem querer...
Esta força que nos fez,
Esta quimera...
Este sonho que nos encanta,
Esta vontade de ser.
Fica sempre um outro olhar,
Uma recordação…
Um sorriso, um gesto, um sentir,
Um perfume que se sente ao passar…
E um beijo que se atira a fingir.
Mas fica sempre um talvez,
À nossa espera...
Ê essa melodia talvez se cantará,
Num sonho...numa promessa de voltar,
Ou apenas numa simples quimera,
Na aventura desejosa que é amar.
S.P.